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22 de out. de 2010

Importa realmente o que vestimos?

Quando se fala em qual deve ser o vestuário adequado para o cristão, muitos vão logo pensando na velha controvérsia da calça x saia. Porém, esta é uma visão limitada e preconceituosa. O vestuário do verdadeiro cristão envolve questões muito mais profundas do que a simples escolha de um traje. Deus não é etnocêntrico, ou seja, não adota uma cultura específica para servir de padrão a todas as outras.

Na história da humanidade, registrada nas Sagradas Escrituras, podemos ver nitidamente Deus respeitando as culturas de cada época e região, mesmo quando estas se revelaram inadequadas e não colaboraram para a felicidade humana.

Hoje não é diferente. Ele aceita que nossos irmãos das mais diversas culturas do mundo O adorem e sirvam com sua vestimenta peculiar. Por isso, jamais poderíamos chegar a uma dessas igrejas impondo nosso estilo de vestir como ideal. Pense no que aconteceria caso um irmão de certa tribo africana quisesse obrigar um brasileiro a ir à igreja vestindo túnicas longas. Isso traria escândalo ou, na melhor das hipóteses, risos.

É por esse motivo que Deus não escolhe uma roupa específica para usarmos. No entanto, Ele deixou princípios universais para serem seguidos por todas as pessoas de todas as épocas e culturas. E são justamente esses princípios que devem nos levar a usar roupas que sejam condizentes com nossa fé.

“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10:31). Esse deve ser o princípio áureo de quem quer agradar a Deus. Tudo o que fizermos – inclusive o vestuário que usamos – deve glorificar a Deus. Na Bíblia, encontramos ainda outras preciosas orientações com relação à roupa que glorifica ao Criador: “Da mesma forma que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro ou pérolas, ou vestuário dispendioso” (1Tm 2:9). “Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário” (1Pd 3:3).

Deus é glorificado quando nossa roupa não chama atenção para nós mesmas(os) e nos apresenta apenas como vasos de barro, contendo valioso tesouro. É claro que isto não é válido somente para as mulheres. Foi o contexto da época que fez com que os apóstolos Pedro e Paulo assim escrevessem.

Já ouvi muitos dizerem que não importa o que vestimos, o importante é o que vai no coração. Mas, com certeza, o que vai no coração também se revela em nosso exterior. Até nossa personalidade pode ser avaliada, em parte, através daquilo que vestimos. A roupa que usamos demonstra a forma como queremos que os outros nos vejam. E esta é a questão crucial. Se já não sou mais eu quem vive e Cristo vive em mim, como será minha roupa? Quero que me apreciem e me achem atraente, bonita(o), sedutora(o), ou quero que, ao me olharem, vejam a simplicidade, modéstia, decência, asseamento e bom gosto que eram vistos em Jesus?

Vejamos o que Ellen White diz sobre isso: “Nossas palavras, ações, vestidos, são pregadores vivos, juntando com Cristo, ou espalhando. Isto não é coisa insignificante, para ser passada por alto com um gracejo. A questão do vestuário exige séria reflexão e muito orar” (Testemunhos Seletos, v. 1, p. 596). “Os que se apegam aos adornos proibidos na Palavra de Deus, nutrem orgulho e vaidade no coração. Desejam atrair a atenção. Seu vestuário diz: Olhem para mim, admirem-me. Assim cresce decididamente a vaidade no coração humano, devido à condescendência” (Ibid., p. 599).

Temos que tomar cuidado para não nos secularizar e nos conformar com os costumes do mundo. A cultura e os costumes são muito dinâmicos. O que há vinte anos era considerado indecente, hoje é aceito com naturalidade. O nudismo e o erotismo não causam mais espanto. Até as crianças estão sendo corrompidas debaixo dos narizes dos pais.

Ainda que estranhos para a (i)moralidade atual, os princípios de Deus continuarão sendo sempre os mesmos. Não podemos nos deixar levar pelas modas do mundo quando elas ferem a representação adequada do caráter de Deus. Ellen White nos faz uma preciosa advertência: “Muitos se vestem como o mundo, a fim de exercerem influência sobre os incrédulos; nisto, porém, cometem lamentável erro. Caso eles queiram ter influência real e salvadora, vivam segundo sua profissão de fé, mostrem essa fé pelas obras de justiça, e tornem distinta a diferença entre o cristão e o mundano. As palavras, o vestuário, as ações, devem falar em favor de Deus” (Ibid., p. 594).

Quando Cristo entra no coração, há uma transformação completa, e o vestuário jamais contradiz aquilo que professamos. “Quando a mente está firme na idéia de apenas agradar a Deus, desaparecem todos os desnecessários embelezamentos pessoais” (Ibid., p. 599).

Por tudo isso, vemos que vestir-se corretamente não é questão tão simples como a escolha de uma saia ou de uma calça – o que seria muito fácil. Na verdade, esse é um assunto que envolve genuína conversão e desprendimento do mundo. Devemos escolher usar a roupa que melhor represente o cristianismo de acordo com a cultura da época e da região em que vivemos.

Antes de sair, olhe-se no espelho e peça para Jesus avaliar se sua roupa é a mais adequada. Com certeza Ele irá mostrar e lhe dará forças para vencer os ditames deste mundo.

Nunca esqueça: como tudo na vida cristã, a vestimenta correta é resultado da comunhão com Cristo. Se tentarmos fazer o contrário (corrigir hábitos sem comunhão), estaremos fadados ao fracasso e à infelicidade. Para todo mal, Jesus é a solução. E só Jesus!


(Débora Tatiane M. Borges é pedagoga e reside em Tatuí, SP)

Este artigo foi publicado no blog criacionista.blogspot.com, do nosso irmão Michelson Borges e foi editado neste espaço por Edmarlon Silva.

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